sábado, 9 de outubro de 2010

O PROBLEMA DE UM É PROBLEMA DE TODOS

A luta por uma educação gratuita e de qualidade pra todos é uma importante luta histórica e deve ser compreendida como uma luta de todos, uma vez que a educação tem se tornado uma mercadoria de venda. Como combater isso? Como os estudantes vivenciam e conhecem a problemática da educação de perto, é se organizando enquanto movimento estudantil que podem discutir e pautar essa luta.
                Percebemos que com o tempo o movimento estudantil tem perdido forças. Mas ele nunca deixou de existir. Mesmo no período da ditadura, os  estudantes se reuniam secretamente para debater as questões da conjuntura da época e reivindicarem seus direitos. Hoje não é muito diferente. Porém  o que temos hoje são estudantes menos interessados em participar e de construir um país melhor, de transformar. Preferem agir no imediatismo a pensar questões a longo prazo. Isso é um reflexo da mudança do perfil do estudante que freqüenta as universidades hoje, onde com esse boom de escolas, inclusive particulares, muitos têm que vender sua força de trabalho, ou seja, é um reflexo do capitalismo e que tende a ser mantido, porque a alienação e a desmobilização da população são fundamentais para manutenção do capitalismo.
                Outro fator preocupante e que é reflexo desse contexto, é que se vê muita gente falando que não gosta de política, que política é coisa de política profissional (governantes). E como Bertolt Bretch mesmo fala em seu texto “o analfabeto político”, é que essas pessoas são tão burras que estufam o peito e dizem com todo orgulho que odeiam política sem saber que o custo da vida depende de decisões políticas. E que dessa sua ignorância é que surgem os problemas sociais, é que nasce a prostituta, o menor abandonado e o político corrupto que é o pior de todos os ladrões. Política é jogo de interesses e a gente lhe da com isso a vida inteira a todo o momento. E tem que ficar claro que política independe de partidos políticos, apesar de os partidos serem importantes espaços de discussão e prática política, e que pode ser utilizado como uma importante ferramenta e parceria dos movimentos sociais, e porque não do Movimento Estudantil.
                Tem ainda os que alegam falta de tempo. Falta de tempo não é a questão. O ponto principal é se estabelecer o que é prioridade: a qualidade da educação e da formação profissional, ou apenas um diploma?? A partir do momento que se pontua a prioridade, a gente arruma tempo e a luta passa a acontecer automaticamente, no dia-a-dia e em todos espaços.
                Compreendemos que a conjuntura hoje é outra. O problema é que concebemos as conquistas do passado como se fossem suficientes e únicas, e nos acomodamos com o pouco de liberdade que nos foi “dado” como forma de acalmar as massas e parece que funcionou. Falta mesmo é uma organização em torno de um objetivo comum e específico de luta como, por exemplo, na década de 60 contra a ditadura, em 84 pelas “Diretas Já!”, em 62 pelo “Fora Collor!”. Mesmo a educação sendo uma pauta específica atual, a educação bancária está levando a um grau de alienação muito grande, causando uma desarticulação, desmobilização e, conseqüentemente, o descenso dos movimentos sociais.
                O que é o ME?
                O ME (movimento estudantil) é um espaço privilegiado de discussão, de organização estudantil, de formação política. Eu gosto de dizer que é uma espécie de laboratório pra militância, pra atuação profissional e pra vida política. Como por exemplo, as eleições. Se, dento do espaço universitário os estudantes são incapazes de se organizar, arrumar tempo pra reivindicar, defender a posição e lutas do grupo universitário (espaço micro), imagina lá fora (no espaço macro)?? A gente elege nossos representantes e deixa que ele faça o resto, e se não gostar eu mudo daqui a quatro anos. SIMPLES!!?!?? Mas ineficiente. Esse comodismo e ausência de posição política são muito sérios pro destino das coisas e do destino do nosso país. Falta hoje uma cultura de reivindicação por parte dos estudantes e isso proporciona um movimento esvaziado que não nos representa e isso causa a precarização de bocado de coisas, inclusive do ensino.
                Não existe uma receita pra resolver esses problemas, mas o primeiro passo pode ser começar a se organizar enquanto estudantes nos centos e diretórios acadêmicos para poderem compreender as questões e lições históricas e assim ousar fazer um movimento estudantil, participante, propositivo, atento aos detalhes regionais sem esquecer o caráter das lutas universais de atuação junto a outros movimentos sociais. É importante desprender desse sistema individual e priorizar o coletivo resistir a criação desta sociedade individualista.
É através dos CENTROS ACADÊMICOS que se fomenta as lutas deliberadas pelas executivas de curso (no nosso caso a ENESSO), as pautas e lutas locais  junto a movimentos como MST, MAB, MMM, LGBTT, e existe espaço para essa união, basta querer batalhar por melhorias no ensino e também discutir sobre políticas públicas, sociais e ter vontade de se organizar e ter compromisso social.
                A universidade é um espaço de concentração e de formação de cabeças pensantes. Uma verdadeira “bomba” pronta pra explodir a qualquer momento, mas que devido ao grau de alienação os estudantes, não sabem que estão com o detonador na mão. Porém a universidade não é suficiente para formação intelectual. Tanto que os grandes pensadores eram militantes de algum movimento.
                As lutas do movimento estudantil hoje são universais (junto com outros movimentos sociais, questões do governo) e específicas dos estudantes como o ENADE, Próuni/Reuni, meio passe, e pautas específicas de cada escola.
No debate universal, temos hoje em pauta a questão do Pré-sal. Cabe ao estudante ficar antenado nesses assuntos e reivindicar direitos. Mas a gente realiza algum debate sobre isso? Há um debate da UNE de que 50% da verba do pré-sal venha pra educação. Mas não adianta ficar centralizado na entidade. É uma luta de todos, inclusive dos profissionais. E mais do que isso, debater a quem a exploração do pré-sal beneficia? Se der problema e causar uma inflação pelo vazamento do petróleo, quem vocês acham que é o primeiro a sofrer com a crise? NÓS TRABALHADORES e é por isso que temos que começar a ter uma consciência de classe, Lutar junto a classe trabalhadora. Num vai achando que pq tem um diploma na mão que vc num vai ter seu trabalho explorado. Vc vai vender sua  mão de obra do mesmo jeito.
Nós somos filhos de trabalhadores,seremos trabalhadores, se muitos ja não são. E como disse Floretan Fernandes : “Ou os estudantes se identificam com o destino de seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso serão aliados daqueles que exploram o povo."
                Concluo dizendo que a questão da educação é um problema que atinge a todos, e tem que ser resolvido por estudantes e profissionais, que tem que sair de cima do muro e começar a tomar posição nas lutas. Compreendemos que as instituições reprimem o profissional. Mas muitos foram reprimidos e exilados pra que a gente estivesse aqui hoje, e a luta não deve parar. É parar de apenas reclamar de tudo, e tirar a bunda da cadeira. Mas não é uma universidade que vai fazer a revolução. Tem que ser todo mundo, por isso a importância de se fazer trabalho de base e compartilhar esse pensamento coletivamente.O que você está fazendo pra mudar a realidade? O que você fará ao se deparar com um problema do coleguinha? Vai continuar achando que não te atinge?  “Quando há uma ratoeira em uma casa, toda a fazenda corre riscos”. O PROBLEMA DO OUTRO ATINGE A GENTE DE ALGUMA FORMA. O PROBLEMA DE UM É PROBLEMA DE TODOS.
By: Carol Garcia

Um comentário:

  1. coisas boas no teu blog.
    garota inteligente!
    o jeito timido (será?) que eu percebi na terça feira do teatro me deixou intrigado...

    abraxxx

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